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Commentary :: Labor

The Proletarian Art of the Socialist Uprising

The publication of “The Proletarian Art of the Socialist Uprising – Introductory Aspects”, including authors like Marx, Engels, Lenin, Trotsky, Tukhachevsky and other experienced experts on the proletarian-military field of the Socialist Revolution means for itself and beyond doubt a cultural groundbreaking initiative of great importance for the enhancement of the South-American political literature.

A ARTE PROLETÁRIA DA INSURREIÇÃO SOCIALISTA
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

Apresentação
ANÍBAL CIENFUEGOS
ROCHEL VON GENNEVILLIERS

Concepção e Organização, Compilação e Tradução
Lo Scaltro von Genua
emilvonmuenchen-AT-web.de

“Não basta agrupar as pessoas, segundo sua compreensão das consignas políticas :
além disso, é imprescindível agrupá-las, segundo seu posicionamento em relação à insurreição armada.
Quem for contra a insurreição, quem não se preparar para ela,
deve ser riscado, impiedosamente, do número dos adeptos da revolução
e ser contado entre os seus adversários, entre os traidores ou covardes,
pois aproxima-se o dia em que o curso dos acontecimentos,
a situação da luta, forçar-nos-á a separar inimigos e amigos,
uns dos outros, segundo esse critério.”
Vladimir I. Lenin
As Lições da Insurreição de Moscou (26 de Agosto de 1906),
in : W. I. Lenin Werke (Obras de V. I. Lenin),
Vol. XI, Berlim : Dietz Verlag, p. 162.


Publicar “A ARTE DA INSURREIÇÃO SOCIALISTA - ASPECTOS INTRODUTÓRIOS”, com autores como Marx, Engels, Lenin, Trotsky, Tukhatchevsky, entre outros experimentados especialistas no domínio militar-proletário da Revolução Socialista, já constitui, por si mesmo, sem qualquer margem de dúvida, uma iniciativa cultural inovadora e de grande importância para o engradecimento das letras políticas sul-americanas.

No entanto, existem inúmeros motivos político-práticos e teórico-doutrinários que contribuem ainda mais para justificar a elaboração deste empreendimento literário marcante.

Para que permaneçam citados aqui apenas dois deles, bastará elencarmos, em um primeiro passo, a situação política extremamente polarizada da luta de classes deste início de século XXI, travada em escala mundial e, em particular, em nosso continente americano, bem como, em um segundo passo, as diversas polêmicas teóricas e políticas que estão trespassando a maioria das organizações operárias, envolvidas no torvelinho destes acontecimentos decisivos.

Tendo-se em consideração ao menos estes dois elementos fáticos de nossa atualidade contemporânea, veremos que o presente livro adquire suprema relevância pedagógica e destacada importância histórica, pois seus materiais – muitos deles inéditos no idioma português - sempre possuíram o objetivo de formar e preparar os trabalhadores explorados e seus mais autênticos aliados político-estratégicos para intervirem, ativamente, nos processos revolucionários, lutando pela tomada do poder em suas mãos, a fim de impulsionarem a grandiosa tarefa de construção de uma sociedade socialista-emancipadora.

Sob o ponto de vista mundial, a nova configuração de forças que interagem no contexto político-internacional posterior ao 11 de Setembro de 2001 e às Guerras do Afganistão e do Iraque apresenta uma série de modificações de peso para a realidade contemporânea. Se é bem verdade que, na alvorada do século XXI, o imperialismo, concebido enquanto fase derradeira e lutuosa do capitalismo, continua sendo, em sua essência, o mesmo, a náusea mortal que vem impondo ao conjunto da humanidade adquire, agora, inauditos contornos, não tendo sido jamais conhecida antes, em nenhum lugar do passado.

Decididamente, a derrota do imperialismo passou a ser uma questão de sobrevivência para as forças edificadoras do novo mundo socialista. Sua violência opressora e reacionária, despregada para a consolidação da ofensiva recolonizadora em todo mundo, seu caráter parasitário e belicista, bem como a realidade militarista que nos impõem, marcada por um balanço de chacinas e mutilações, reasselvajamento de grandes massas humanas, dizimação de conquistas sociais, desvastação de criações culturais, produzidas através de séculos, em meio a uma torrente de padecimentos e sangue : tudo isso nos indica que, de fato, estamos vivendo inquestionavelmente uma época de guerras e revoluções.

Esta realidade conduz, também, ao limite a contradição da crise de direção revolucionária, comprovando a espetacular clarevidência da lapidar afirmação de Trotsky, contida no Programa de Transição para a Revolução Socialista : “a crise histórica da humanidade reduz-se à crise da direção revolucionária”[1].



Presentemente, defrontamo-nos com uma autêntica situação mundial revolucionária, em que se conjugam três elementos fundamentais : a crise econômica do capitalismo mundial com ascenso das massas, as lutas revolucionárias dos trabalhadores do mundo inteiro e a irreversível capitulação dos grandes aparatos políticos contra-revolucionários.

Hoje, a crise econômica se manifesta, com toda a força, já mesmo no coração do imperialismo. Como exemplos, bastará referir a estagnação da economia do Japão, a recessão ecônomica da Alemanha, a explosão da “bolha financeira bursátil”, a crise econômica que atinge até mesmo os EUA, marcada por deflação e estagnação. Eis aí, pois, exemplos categóricos da crise imperialista de superprodução de capitais e da generalização da miséria das grandes massas da população.

Para enfrentar esta contundente agonia das relações capitalistas de mercado, o imperialismo aguça a exploração e a opressão perpetrada pela tirania do capital em escala mundial, intensificando o processo de recolonização em todo o globo, promovendo guerras no Oriente Médio, aprofundando a dominação política e econômica no continente americano, via ALCA, subjulgando, de modo desenfreado, econômica e financeiramente o Leste Europeu, nesse período posterior à dissolução da URSS, acelerando a restauração capitalista na China e em todos os seus países satélites. Trata-se, inapelavelmente, de uma política de rapina, conformada no estilo de uma verdadeira guerra contra-revolucionária, revestida, porém, do cognome formal “guerra contra o terror”.

Ela tem por objetivo avançar na recolonização de largos territórios do planteta, de modo a assegurar o processo de reprodução e valorização da exploração do capital, atacando duramente os direitos dos trabalhadores, assenhorando-se diretamente das fontes de riqueza e de regiões estratégicas das nações oprimidas, destruindo toda e qualquer tentativa de oposição e resistência corajosamente erigida contra seus desígnios despóticos. Ao aumentar as verbas dos orçamentos militares, o imperialismo busca intimidar e, sendo necessário, aniquilar pela violência de seu arbítrio toda e qualquer tentativa de manifestação e resistência combativa.

Sem embargo, o contraponto destes ataques é o rescrudescimento da crise política da ordem mundial, acompanhada do acirramento da luta da classe trabalhadora, em todos os hemisférios, conduzindo a picos revolucionários e a um espetacular avanço na consciência anti-imperialista das massas, sobretudo na América Latina.

Este ascenso de lutas, protestos e resistências tem, também, um de seus principais pontos em plena Europa Ocidental, estando coroado com o peso direto de um proletariado dinâmico, dotado de grande força estrutural e tradição histórica. As tremendas mobilizações contra a Guerra do Iraque, registrada em diversos países da União Européia - significaram o maior movimento anti-imperialista verificado desde o término da II Guerra Mundial Imperialista. Elas refletem não apenas uma marcante oposição à política belicista dos Senhores Mundiais da Guerra, senão ainda uma luta encarniçada contra a estagnação econômica do velho continente. Marchas multitudinárias em Londres e Berlim, greves na França, Espanha, Portugal e Itália, despertaram o ímpeto das mobilizações contra as reformas que as forças do imperialismo subalterno-europeu ousa promover contra operários, camponeneses pobres, sem-tetos, emigrantes e demais camadas da população oprimida.

No Oriente Médio, a segunda Intifada completou dois anos, externando sinais de fortalecimento e os massacres sionistas não conseguiram fazer recuar a resistência. No Iraque, o imperialismo anglo-norte-americano ganhou a conflagração bélica, mas defronta-se, agora, com escaramuças militares que causam inúmeras baixas em suas tropas. O mesmo ocorre no presente período do após guerra do Afeganistão, ainda que em menor escala.

Hoje, a América Latina é um epicentro da revolução mundial, estando marcada por movimentos de massa e revoluções. Há países que vivem ou viveram processos diretamente revolucionários, como é o caso da Argentina e da Venezuela. Neste último país, em particular, uma tentativa de Golpe de Estado e um Lockout foram derrotados pela insurreição e a mobilização das massas. Na Argentina, mesmo com a diminuição do impulso revolucionário, piqueteiros e operários de fábricas ocupadas dão o tom ao atual processo de luta, assim como cocaleros, na Bolívia, encabeçaram uma insurreição contra Losada, a exemplo das sublevações vitoriosas e mobilizações grevístiscas, havidas no Perú. E mais ainda : mesmo com o aumento da repressão e o Estatuto Antiterror, mesmo com o auxílio dos paramilitares e a assessoria logística direta dos EUA, o governo pró-imperialista da Colômbia não consegue derrotar a guerrilha daquele país. Uribe se embaraça, desalentadoramente, com seu referendo e a sua assim proclamada “Reforma Política”.

Outro símbolo marcante do processo de luta na América Latina, foram as derrotas eleitorais dos projetos neoliberais, com a vitória de governos de frente popular e de conciliação de classes. Esses governos acalentam sentimentos de confiança e de mudança em amplas massas populares, porém comprometem-se, hoje, abertamente, com o projeto pró-imperialista da ALCA, com o pagamento da dívida ao FMI e aos banqueiros e especuladores internacionais, com os planos recolonizadores, de tal sorte que acabam inevitavelmente enfrentando-se com setores importantes da classe trabalhadora de seus países. O caso do Governo Lula, no Brasil, e o do Governo Gutierrez, no Equador, são as expressões mais nítidas desse considerável processo de escoriação e desgaste permanente.

Na hipótese de o cronograma da ALCA acelerar-se e os acordos bilaterais anteciparem, ainda que em parte, os acordos recolonizadores, a tendência é a de que esse panorama se agrave. O avanço da recolonização produzirá, conseqüentemente, o maior acorrentamento dos povos, o agravamento da miséria e da fome, a multiplicação das crises da economia capitalista de mercado e das democracias burguesas, conduzindo a processos mais agudos da luta de classes.

Presentemente, cresce a polarização política, econômica e social, ao mesmo tempo e no mesmo passo em que se aprofunda a adaptação institucional da maioria das organizações de esquerda, seja no Brasil, seja em todo mundo. Essas últimas abandonaram integralmente os fundamentos científico-socialistas embasadores da necessidade da revolução violenta e da insurreição armada como única forma de atingimento de uma sociedade socialista livre, sem classes e sem Estado. Enquanto perspectiva míope, exclusiva e absoluta para o movimento dos explorados e oprimidos pelo capital e pelo latifúndio, apregoam, puramente, as seduções reformistas dos processos eleitorais burgueses, as ilusórias promessas de garantias constituicionais e a manutenção da suposta legitimidade da “República Democrática” e do “Estado de Direito”, com sua mais absoluta subordinação à “legalidade” e aos “Tribunais” dos patrões e latifundiários. Assim, capitulam, inteiramente, antigos dirigentes reformistas à ordem burguesa-capitalista, embriagados em sua luta deflagrada exclusivamente pela conquista de maiorias parlamentares nominais.

No Brasil, o PT e a CUT submetem-se ao governo frente-populista e pró-imperialista de Lula. No Equador, a direção da CONAIE sustenta o governo de Lúcio Gutierrez. Na Bolívia, o MAS e Evo Morales buscam saídas institucionais. Na Argentina, a nova esquerda “trotskista-gramsciana” busca, em pleno raiar do século XXI, saídas eleitorais de aberta conciliação de classes do estilo : convocação de uma Assembléia Constituinte, apoiada sobre órgãos de poder proletário. Fortalecida por este contexto funéreo, a reação democrática segue tendo peso importante na política imperialista contra-revolucionária, ao lado do avanço das posturas militaristas mais insolentes dos EUA.

Somadas as novas direções que surgem – tal como o PT, Gutierrez, o MAS Boliviano -, às antigas direções que já vinham perdendo seu prestígio, encontraremos a emergência de um grande processo de capitulação, adaptação e decomposição das direções tradicionais e reformistas, fundado sobre o denominador comum da mais categórica renúncia aos princípios e corolários revolucionários da luta por uma sociedade socialista, livre de toda exploração e opressão humana.

Esse processo de grande magnitude possibilita, porém, a dinâmica reorganização das forças solidárias com a via revolucionária, abrindo a possibilidade de tornar-se efetivamente materializável, na época do imperialismo capitalista, a perspectiva formulada originariamente por Marx e Engels de derrubada violenta de toda exploração sócio-econômica e dominação intelectual-ideológica, geradas inevitavelmente pela subsistência das decrépitas leis internas inerentes ao despotismo do capital.

Precisamente nesse contexto da atualidade histórico-contemporânea, insere-se o surgimento do presente livro, trazido agora ao público sul-americano. Sua temática central trata, sistematicamente, do “ápice da cadeia de montanhas” que compõe a Revolução Socialista, i.e. a contemplação, a preparação, a deflagração e a direção da insurreição armada, tal como investigada, analisada e difundida pelos mais perspicazes doutrinadores do marxismo-revolucionário.

Sendo assim, desde uma perpectiva introdutória, condensa-se, nas páginas a seguir, muitas das lições e ensinamentos, muitos dos conceitos teóricos e regras práticas que orientam o plano estratégico e a linha tática revolucionário-insurrecional para a tomada do poder pelo proletariado, no quadro de sua coalizão selada com seus mais autênticos aliados históricos, explorados e oprimidos pelo capital e pelo latifúndio.



“Na realidade, a força de nosso partido reside nas massas e não em maiorias parlamentares nominais.”[2]



A imprescindibilidade do despedaçamento do aparelho do Estado colocado a serviço das ínfimas minorias exploradoras e opressoras, latifundiárias e burguesas, lacaias do imperialismo mundial, resulta, pois, aqui, confirmada, ressaltando-se o necessário fenômeno histórico da insurreição armada, imprescindível para a edificação da Ditadura Revolucionária do Proletariado, incorporadora da mais ampla e historicamente mais avançada Democracia Proletária, via de transição efetiva rumo ao atingimento de uma sociedade socialista mundial humanizada, livre da opressão de todo Estado e imune às dilacerações decorrentes dos embates sangrentos, travados entre classes sociais irreconciliavelmente hostis : primeiro estágio para o estabelecimento de relações sociais autenticamente comunistas.

Na parte introdutória do presente volume, o leitor encontrará um notável texto de Vladimir I. Lenin que referencia a leitura de todos demais, compendiados, selecionados, organizados e dividos nos três capítulos subseqüentes.

Considerando-se um programa como uma verdadeira proclamação ou conclamação de concepções e consignas – palavra de origem grega πρόγραμμα -, o texto em referência de Lenin, intitulado “O Programa Militar da Revolução Proletária”, possui um extraordinário significado para as atividades de luta do proletariado e dos marxistas revolucionários de todo o mundo.

Nele, sintetizando devidamente as principais conclusões extraídas de seus prévios estudos realizados acerca da desigualdade do desenvolvimento econômico e político dos países capitalistas na época imperialista, Lenin formulou, inovadoramente, sua concepção acerca da possibilidade da vitória insurrecional da Revolução Socialista, de início em alguns países capitalistas - ou, até mesmo, em um único deles, considerado isoladamente – os quais, dando os primeiros passos na trilha do longo processo de construção do socialismo, levantar-se-iam, em armas, contra o mundo capitalista restante[3].



Em perfeita coerência com tal pressuposto, Lenin posicionou-se, programaticamente, em favor das consignas de “milícia” e “armamento do povo”, fundadas no fomento da instrução militar do proletariado pela organização marxista-revolucionária, visando à necessária deflagração da insurreição, repudiando, inversamente, as reinvidicações de “desarmamento”, “social-pacifismo” e “repúdio de todas as formas de guerra”.

Também nesse mesmo texto introdutório, Lenin apresenta sua precisas formulações no sentido de que os marxistas revolucionários devem ser fervorsos adeptos e ativos participantes das Guerras Civis Revolucionárias e de Libertação Nacional, ao mesmo tempo em que as desenvolve, articuladamente, em todos as suas conseqüências mais essencias.

A seguir, no Capítulo I da presente obra, são apresentados textos que possuem a nítida função de colocar em evidência, de maneira singela e instrutiva, o grandioso papel revolucionário, desempenhado pelos mais notáveis teórico-doutrinários e dirigentes político-práticos dos processos insurrecionais-socialistas de todos os tempos : Karl Marx e Friedrich Engels, Vladimir I. Lenin e Jakob M. Sverdlov, Léon D. Trotsky e Vladimir A. Antonov-Ovseienko, Nikolai Podvoisk e Michail N. Tukhatchevsky entre outros.

Por ocasião da leitura desse primeiro capítulo, o leitor se dará conta de que alguns dos artigos aqui selecionados representam traduções inéditas em língua portuguesa, elaboradas a partir do idioma alemão, de diversos fragmentos histórico-biográficos extraídos do livro intitulado “Engels e Lenin. Escritos Político-Militares”, de autoria de Erich Wollenberg antigo revolucionário alemão de orientação leninista-trotskysta, instrutor das escolas militares de Moscou, dedicadas à formação de revolucionários alemães, especialistas em processos insurrecionais.

Os depoimentos de Wollenberg contidos no livro de autoria fantasma de A. Neuberg, intitulado “A Insurreição Armada. Tentativa de uma Apresentação Teórica”, surgido, pela primeira vez, em 1928, enquanto resultado de uma produção literária elaborada, separadamente, por diversos autores individuais, também foram contemplados nesse capítulo inicial.

Assim, Wollenberg introduz ao público leitor, de uma maneira bem nítida e pedagógica, o significado especificamente proletário-insurrecional não apenas das grandes personalidades revolucionárias de Marx e Engels, senão também de Lenin, Trotsky e Tukhatchevsky, com alguns dos quais teve a oportunidade de diretamente conviver, em Moscou, nos anos posteriores à vitória da Grande Revolução de Outubro de 1917.

Nada obstante, na medida em que nem Wollenberg nem qualquer outro autor individual do livro de autoria fantasma nada referem acerca da indiscutível e decisiva genialidade proletário-insurrecional de Sverdlov, Antonov-Ovseienko e Podvoisky, entendemos conveniente apresentar considerações específicas sobre esses três dirigentes e ativos participantes da Grande Revolução Socialista de Outubro de 1917, fundando-nos em escritos elaborados por Klavdia N. Sverdlova e Léon D. Trotsky.

Na medida em que grande parte dos textos sobre o Jakob M. Sverdlov seguem sendo inéditos, em quase todos os idiomas do universo, o texto aqui apresentado por Klavdia Sverdlova constitui, inegavelmente, mais uma inteira inovação produzida no cenário das letras políticas sul-americanas.

No Capítulo II do presente livro, surgem, a seguir, elencados diveros textos clássicos do marxismo revolucionário acerca dos fundamentos essenciais da insurreição socialista. Eles elucidam, sistematicamente, a indispensabilidade de contemplação teórica e de tratamento prático da insurreição como uma arte de intervenção aberta das classes exploradas e oprimidas visando à derrubada, com armas nas mãos, de seus adversários de classe, representantes da velha estrutura social fundada na exploração e na repressão da grande maioria da população.

Nesse segundo passo, deverá emergir a insurreição socialista, enquanto arte contemporânea dos movimentos revolucionários que hauriu inúmeras lições e ensinamentos históricos preciosos, advindos não apenas das insurreições armadas vitoriosas que levaram à derrubada da sociedade feudal pela burguesia capitalista em ascensão, no século XVIII, mas também amealhou diversas doutrinações severas e inflexíveis, extraídas das diversas derrotas proletárias, no curso de sua longa marcha estratégica e permanentista rumo à edificação da Ditadura Revolucionária do Proletariado, enquanto instrumento de impulsionamento proletário-democrático da revolução socialista dos trabalhadores e demais socialmente oprimidos, regime transitório para o atingimento do socialismo, fase inferior do comunismo.

Preocupado com a necessidade de desenvolver uma devida compreensão teórico-doutrinária e prático-política dessa concepção dialético-materialista da insurreição socialista, o presente livro exibe ao leitor, ordenadamente, em um primeiro momento, os mais importantes textos introdutórios e conclusivos de Friedrich Engels dedicados ao estudo seja dos processos insurrecionais da França de 1789, seja das lutas revolucionárias e contra-revolucionárias na Alemanha de 1848.

Aqui, surgirá diante do leitor a figura impávida e audaz de Georges Jacques Danton, considerado por Marx e Engels como “o maior mestre de tática revolucionária conhecido até o presente momento.”

A seguir, ao reproduzir as lições extraídas por Engels acerca movimento insurrecional da Comuna de Paris, apresenta-se ao leitor fragmentos redigidos por Karl Marx – possivelmente inéditos em língua portuguesa - acerca dos mais categóricos erros que conduziram à fragorosa e impiedosa derrota militar dos communards, em 1871.

A arte da insurreição socialista será enriquecida, a seguir, de maneira colossal, com as lições da Insurreição de Moscou de 1905, colhidas no quadro de uma Revolução Democrático-Burguesa, sendo que para tanto o presente livro seleciona um dos mais estupendos escritos de Lenin que detalhadamente versa sobre esse tema histórico, enfocando, precisamente, o papel decisivo a ser cumprido pela organização marxista-revolucionária nas atividades de difusão, organização, preparação, direção e consolidação da insurreição armada.

A partir de fevereiro de 1917 - aberta categoricamente a via da Revolução Socialista e aniquilada no interior do Partido Bolchevique, já em abril do mesmo ano, a orientação frente-populista de esquerda e classista-colaboracionista de Stalin e Kamenev -, postula-se na ordem do dia, pela primeira vez da maneira mais nítida possível, as tarefas concretas de impulsionamento da insurreição socialista pelo partido marxista-revolucionário, enquanto execução de uma arte dotada de um rigoroso conjunto de princípios e regras para a talentosa e hábil obtenção da vitória política e militar nas conflagrações armadas, travadas pelo proletariado e seus aliados contra seus inimigos burgueses e latifundiários irreconciliáveis.

Precisamente aqui, surge apresentada por Lenin, em três extraordinários artigos, a posição edificada pelo marxismo revolucionário, ao longo de mais de meio século de efetivas experiências revolucionárias, em face da questão da insurreição, enquanto pressuposto essencial para a vitória da Revolução Socialista.

A conclusão dessa segunda parte, traz à luz do grande público as brilhantes e precisas análises de Trotsky sobre a necessidade de conceber-se, em sentido marxista-revolucionário, a insurreição precisamente como uma arte, em suas interpenetrações necessárias como as atividades relacionadas com o valioso método da conspiração, bem como de entrever-se, devidamente, a interrelação imprescindível que deve existir entre o partido marxista-revolucionário insurrecional e os organismos de massa da revolução proletário-socialista, tais como os Sovietes e aqueles surgidos nas suas mais diversas configurações histórico-existenciais.

Precisamente, com as formulações de Trotsky, verificar-se-á que os sociais-reformistas e oportunistas de todos os matizes podem, até mesmo, não rejeitar a Revolução Socialista, enquanto uma verdadeira catástrofe social – tal como não negam a existência de “terremotos, irrupções vulcânicas, eclipses solares e epidemias de peste” – mas que rejeitam, sempre e sistematicamente, o cumprimento consciente das tarefas revolucionárias de conspiração, organização e direção da insurreição socialista.

Por fim, o Capítulo III do presente livro possui o objetivo de familiarizar, inicialmente, o leitor seja com a estratégia e a tática das ações militares do proletariado, seja ainda com a organização do trabalho militar revolucionário, no quadro do impulsionamento da Revolução Socialista e preparação da insurreição armada.

No que tange ao primeiro desses temas, o presente livro selecionou textos magistrais de Trotsky e Tukhatchevsky relacionados com as ações revolucionárias dos sublevados a serem empreendidas, segundo um plano estratégico e uma linha tático-concreta, no início e durante um processo insurrecional e, adicionalemente, nos momentos mais decisivos de defesa da Revolução Socialista.

Constituindo a estratégia das ações militares um autêntico método de direção de guerra – no idioma grego στρατηγíα, de στρατός: guerra e άγω: direção –, aplicando-se essa última integralmente à arte da insurreição socialista, deve subordinar-se rigorosamente ao programa e à disciplina, à direção e à política definida de modo democraticamente centralista pela organização marxista-revolucionária do proletariado.

Toda e qualquer estratégia revolucionária das ações militares, enquanto método de direção de guerra, representa, pois, nada mais senão a continuação da política com o emprego de outros meios.

Sendo assim, mister é concluir-se que insurreição socialista, sendo uma arte - tal como a guerra o é -, representa apenas a continuação da política com outros meios, i.e. com meios violentos insurrecionais e possui, como toda a arte, seus princípios e corolários, suas leis e regras procedimentais.

Nesse sentido, a insurreição socialista deve ter sempre presente a formulação da política revolucionária definida pelo partido marxista-revolucionário insurrecional, que, nesse domínio, deve acatar sempre a seguinte Lei Fundamental da Revolução, nos termos precisos em que Lenin a definiu :



“A Lei Fundamental da Revolução que foi confirmada por todas as revoluções e, em particular, por todas as três revoluções russas do século XX, consiste no seguinte :

Para a revolução, não basta que as massas exploradas e oprimidas tornem-se conscientes acerca da impossibilidade de seguir vivendo segundo a velho modo de vida e exigirem uma mudança.

Para a revolução é indispensável que os exploradores não possam mais governar e viver segundo o velho modo.

Só então, quando as “camadas de baixo” não quiserem mais o velho e as “camadas de cima” não puderem mais segundo o velho modo, só então uma revolução poderá ser vitoriosa.

Em outras palavras, pode-se expressar essa verdade da seguinte forma : a revolução é impossível sem uma crise nacional de conjunto que abranja explorados e exploradores.

Consegüintemente, para a revolução é necessário :

Em primeiro lugar, que a maioria dos trabalhadores (ou, conforme o caso, a maioria dos trabalhadores pensantes, ativamente políticos e dotados de consciência de classe) compreendam, inteiramente, a necessidade da derrubada, estando dispostos a, por sua causa, irem ao encontro da morte.

Em segundo lugar, que as classes dominantes passem por uma crise de governo que envolva na política até mesmo as massas mais atrasadas (pois, a característica de toda autêntica revolução é a rápida decuplicação ou mesmo centuplicação do número dos representantes das massas trabalhadoras e exploradas, capazes de lutar politicamente), torne impotente o governo e possibilite aos revolucionários rapidamente derrubá-lo.”[4]



Na Lei Fundamental da Revolução encontram-se contidos, portanto, os pressupostos de uma insurreição vitoriosa.

Enquanto elemento meramente exemplicativo dessa temática político-fundamental, bastará assinalar que, durante os anos de 1897 a 1902, Lenin e os bolcheviques retiraram da ordem do dia de suas atividades revolucionárias a consigna da insurreição das massas, ressaltando, em contraste, toda a importância do trabalho parlamentar, em momentos em que não se possa cogitar de uma insurreição das massas. Retomaram-na, entre 1902 e 1905, porém apenas enquanto chamado para uma preparação geral e, tão somente após o 9 de janeiro de 1905, data lendária do Domingo Sangrento, passaram, então, a tratar a questão da insurreição armada, enquanto uma exigência imediata[5].



Com isso, demonstraram, claramente, que, para os marxistas revolucionários, a insurreição não pode ser jamais considerada com uma questão abstrata e aleatória.

Derrotada a Insurreição de Dezembro de 1905, em Moscou, em suas análises acerca das deficiências contidas nas resoluções do IV Congresso do Partido Operário Social-Democrático Russo (POSDR), Lenin foi eminentemente categórico em sacar o seguinte balanço político, decisivo para a compreensão da segura e corajosa retomada das atividades insurrecionais :



“Nas resoluções sobre a Insurreição Armada, o Congresso não formulou igualmente o que havia de ser necessário, i.e. : uma crítica completa dos erros do proletariado, uma clara apreciação da experiência de outubro a dezembro de 1905.

Ele nem sequer empreendeu a tentativa de investigar a interrelação existente entre greve e insurreição.

Pelo contrário, preponderam nas resoluções reservas temerosas contra a insurreição armada.

O Congresso não disse aberta e claramente à classe trabalhadora que a Insurreição de Dezembro foi um erro, ao mesmo tempo em que, porém, condenou-o, de maneira acobertada.

Entendemos que, desse modo, confunde-se mais do que clarifica-se a consciência revolucionária do proletariado.”[6]



A correta concepção política acerca da natureza das atividades militares do proletariado adquire, pois, extraordinariamente importância, pois representa, em grande parte, um verdadeiro antídoto contra possíveis deformações tecnicistas no trato das questões revolucionárias-insurrecionais.

Essa experiência vale especialmente para a Alemanha, de 1924 a 1933, quando os Comitês Militares do Partido Comunista Alemão reivindicaram até mesmo uma posição de autonomia e de supremacia em relação à direção político-partidária.

Essa tendência registrou-se também na Rússia revolucionária, sendo que Lenin e os bolcheviques lutaram, durante cerca duas décadas, agüerrida e custosamente, contra o fenômeno militar-autonomista.

Constituindo a tática das ações militares uma autêntica técnica de construção de guerra – no idioma grego τακτιχή, de τέχνη : técnica e τάσσω : construção de guerra -, aplicando-se essa última também, de modo integral, à arte da insurreição socialista, subordina-se ao próprio nível de aperfeiçoamento da técnica militar disponível, em determinado momento histórico-concretamente, à organização das forças revolucionárias do proletariado.

Esse nível de aperfeiçoamento da técnica militar e as formas de organização e de luta das forças revolucionárias do proletariado são, necessariamente, de natureza cambiáveis e combináveis, devendo tranformarem-se e articularem-se, hábil e engenhosamente, em função dos mais diversos períodos históricos, das múltiplas situações geográficas concretas e das variáveis massas militantes disponíveis, com as quais o proletariado insurgente pode contar para assestar golpes intrépidos e profundos contra seus inimigos burgueses e latifundiários.

Eis porque a tática da luta de barricadas pôde, em determinado momento histórico e geográfico, já em fins do século XIX, perder sua primazia e exclusividade - sem deixar de absolutamente poder vir a ser empregada -, em face da guerra de partisãos e essa última, por sua vez, ceder espaço, em determinado contexto específico pós-revolucionário, marcado pela vitória da Grande Revolução de Outubro, à formação de regulares Forças Armadas Vermelhas proletárias, situadas sob uma rigorosa direção político-militar centralizada, dotada de muito melhores condições para impor derrotas às forças brancas e imperialistas contra-revolucionárias.

Estamos certos de que os precisos e paradigmáticos textos adiante apresentados de autoria de Trotsky e Tukhatchevsky poderão contribuir em muito para iluminar, largamente, a temática nessa sede brevemente referida.

No que tange, porém, à questão da organização e preparação do trabalho militar revolucionário, surgem elencados, então, textos redigidos por Yaroslavsky e Unschlicht que, embora dediquem-se detidamente e de maneira bastante especializada à temática em destaque, possuem a desvatagem de estarem eivados, em sua forma originária, com o ranço do burocratismo soviético-stalinista, tal como surgiram publicados no livro de autoria fantasma de A. Neuberg, intitulado “A Insurreição Armada. Tentativa de uma Apresentação Teórica”, surgido, pela primeira vez, em 1928.

Tendo em conta esse risco, julgamos, ainda assim, ser positivo apresentá-los ao grande público, mesmo porque operou-se, no presente livro, a substração de algumas poucas passagens, visivelmente dedicadas à difusão da ideologia stalinista do Terceiro Período.

Restaram selecionados, pois, considerações especializadas acerca das tarefas de organização e preparação militar da classe trabalhadora insurrecional e, em particular, aspectos clarificadores do impulsionamento do trabalho revolucionário entre as forças armadas da burguesia.

Cremos, ademais disso, que a leitura desses últimos materiais poderá ser perfeitamente empreendida de maneira crítica, cautelosa e reflexiva por nossos leitores, sobretudo tendo-se em conta os precisos argumentos de Trotsky em sua polêmica travada contra Yaroslavsky acerca da Insurreição de Outubro e a História da Revolução de Outubro, reproduzida na segunda parte do presente livro.

Derradeiramente, cumpre destacar que apostamos no sucesso desta publicação e pretendemos continuar produzindo mais livros sobre temas militares e insurrecionais, voltados ao impulsionamento da Revolução Socialista.

Entre os novos projetos já encontram-se sob nossa alça de mira a publicação sistemática dos escritos militares de Marx e Engels, Lenin e Trotsky e também de outros grandes especialistas insurrecionais da luta mundial do proletariado.

Os escritos militares sobre a I Comuna Revolucionária de Paris (1792), aqueles dedicados à II Comuna de Paris (1871), e os concernentes à Revolução Socialista-Internacionalista de Outubro (1917) - entre outros relacionados com a Guerra Imperialista e o Anti-Militarismo e Revoluções Socialistas Posteriores a Outubro de 17 - deverão, igualmente, assumir um lugar literário de grande relevância, no quadro de nossa iniciativa literário-pedagógica.

Prometemos um bom cabedal de estudo para os que aspiram à construção de uma sociedade autenticamente socialista e acreditam na via insurrecional para a chegada ao poder.

Sendo assim, despedimo-nos de nosso público leitor, desejando-lhe bons momentos de estudos acerca da Insurreição Socialista concebida enquanto Arte e recordando as inesquecíveis palavras do Grande Organizador das Vitórias Revolucionárias dos bolcheviques :



“Até logo, amigos.

Mantenham suas armas nas mãos e recordem-se sempre

contra quem devem elas ser dirigidas.

Em um futuro não muito distante,

nós nos encontraremos, novamente, em Petrogrado !

E vamos mais uma ver trabalhar juntos !”



Jakob M. Svedlov

citado em Boris I. Ivanov. J. M. Sverdlov no Exílio de Turukhansk,

in : Istoritchesky Arkhiv (Arquivo Histórico), Nr. 5,

Setembro – Outubro de 1956, p. 169.





Buenos Aires, agosto de 2003



Aníbal Cienfuegos

Rochel von Gennevilliers

EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA J. M. SVERDLOV”
PARA A ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA
DO PROLETARIADO E DE SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU – BUENOS AIRES - MUNIQUE – PARIS



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[1] Cf. TROTSKY, LÉON D. Agonia Kapitalizma i Zadatchi IV Internatsionala. Mobilizatsia Mass Vokruk Pererrodnyrr Trebovanii kak Podgotovka k Zavoievanniu Vlasti (A Agonia do Capitalismo e as Tarefas da IV Internacional. A Mobilização das Massas em torno de Consignas Transitórias para Preparar a Conquista do Poder), especialmente Pressupostos Objetivos da Revolução Socialista, in : Biulietien Opozitsi Bolschevikov-Lenintsev (Boletim de Oposição Bolchevique-Leninista), Nr. 66/67, Paris, 1938, pp. 14 e s.

[2] Cf. SVERDLOV, JAKOB M. citado em Boris Z. Schumiatsky, Vosvraschenie Tcherez G. Krasnoiarsk iz Ssylki t. J. M. Sverdlov (O Regresso do Companheiro J. M. Sverdlov do Exílio pela Cidade de Krasnoiarsk), in : Jakob Mikhailovitch Sverdlov. Sbornik Vospominanii i Statei, ed. ISPART : Otdel TS.K.R.K.P.(b.) po Izutcheniiu Istorii Oktiabrskoi Revoliutsii i R.K.P.(b.), Leningrad : Gosudarstvennoe Izdatelstvo Leningrad, 1926, pp. 126.

[3] Acerca desse tema, vide, mais detidamente, LENIN, VLADIMIR I. Über die Losung der Vereinigten Staaten von Europa (Acerca da Consigna dos Estados Unidos da Europa) (23 de Agosto de 1915) in : W. I. Lenin Werke (Obras de V. I. Lenin), Vol. XXI, Berlim : Dietz Verlag, 1962, pp. 342 e s.; IDEM. Der Imperialismus als höchstes Stadium des Kapitalismus. Gemeinverständlicher Abriß (O Imperialismo enquanto Estágio Suprema do Capitalismo. Lineamentos de Compreensão Geral), in : ibidem, Vol. XXII, Berlim : Dietz Verlag, 1960, pp. 191 e s.

[4] Cf. IDEM. Der „linke Radikalismus“, die Kinderkrankheit im Kommunismus (O „Radicalismo de Esquerda“ : Enfermidade Infantil do Comunismo) (Abril – Maio de 1920), in : ibidem, Vol. XXXI, Berlim : Dietz Verlag, 1960, pp. 71 e 72. Anote-se, por oportuno, que as principais teses e conclusões do livro de Lenin aqui referido constituíram o principal fundamento das Resoluções do II Congresso da Internacional Comunista (Komintern), ocorrido em meados de 1920.

[5] Acerca do tema em destaque, vide, mais precisamente, IDEM. Parlamentsspielerei (Maluquices Parlamentares) (26 de Setembro de 1905), in : ibidem, Vol IX, Berlim : Dietz Verlag, 1960, pp. 268 e s. Nessa sede, Lenin, fundando-se nas precisas lições ministradas por Karl Marx acerca da arte da insurreição, escreve precisamente : “Para nós, sociais-democratas revolucionários, a insurreição não é nenhuma consigna abstrata, mas sim constitui uma consigna concreta. Em 1897, nós a retiramos da ordem do dia. Em 1902, nós a levantamos, no sentido de uma preparação geral e, apenas em 1905, depois do 9 de janeiro, colocamo-la na ordem do dia enquanto exigência imediata. Nós não nos esquecemos do fato que Marx estava em favor do levante, em 1848, mas que, em 1850, condenou as fantasias e o palavreado acerca de uma insurreição. Nós não nos esquecemos que Wilhem Liebknecht condenou, até a Guerra de 1870/1871, a participação no Parlamento Alemão, mas que, depois da guerra, dele tomou parte pessoalmente. Constatamos, de antemão, no Nr. 12, de “Proletari(O Proletário)”, que seria ridículo louvar-se o fato de, no futuro, nao virmos a lutar sobre o terreno da Duma. Sabemos que não apenas o Parlamento, senão ainda a paródia acerca de um Parlamento, pode constituir o centro principal de toda a agitação, enquanto os pressupostos para uma insurreição não estão dados, e, em verdade, durante todo o tempo em que não se possa pensar em uma insurreição popular.”

[6] Cf. IDEM. Appell an die Partei von den Delegierten des Vereinigungsparteitags, die der ehemaligen Fraktion der „Bolschewiki“ angehört haben) (Apelo ao Partido feito pelos pelos Delegados do Congresso de Unificação que pertenceram à antiga Fração Bolchevique) (25 e 26 de Abril de 1906), in : W. I. Lenin Werke, Vol. X, Berlim : Dietz Verlag, 1959, pp. 315.
 
 
 

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